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o erro de descartes, o galanteio da água e a morte

O corpo é uma experiência, um estado. Do ponto de vista medieval, um estado sólido de ser; já para a física moderna, é um estado atômico, energético – uma versão mais fluida, digamos, e que decompõe a ideia da morte, por exemplo.

Há certo anacronismo intelectual no mundo, as pessoas estão no século vinte e um, mas pensam como se pensava no século dezessete. Apesar de muito já ter sido desvendado, a morte continua tão amedrontadora quanto naquela época.

Mas o que é a morte? Quem morre? O que é que morre?

Outro dia li uma piada que vem a calhar neste momento: o menino chegou a uma bela garota no bar e perguntou: “Você gosta de água?” Ao que ela respondeu “Sim, gosto”. E o menino continuou: “Então já estamos meio caminho andado, porque você gosta de 70% de mim”.

O que isso quer dizer? Esse corpo, que você defende como sendo “você”, é composto por 70% de água. Não há “você”. O “você” que existe, é um “você psicológico”, e é esse que teme a morte.

Isso acontece porque, sendo este um “você” imaginado, ele precisa ser pensado. Sem pensá-lo, ele morre – “penso, logo existo”, afirmou Descartes. O que nos sugere, em nosso contexto, que “sem pensar, você não existe”. Já pensou sobre isso?